quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Poeminha Triste

Precisa terminar... o mês, o ano
e todos os dias que passam em cinza.
Todas as noites que se seguem sozinhas.
Sinto tanto por isso que sinto.
Sinto ser destino incerto,
ser caminho escuro e me esconder na escuridão.
Pelo o que sou,
sinto pelo o que sei de mim e pelo o que não sei também.
Essa ressaca de alma que nunca passa
A vida em preto e branco que nunca fica azul
Pela luz do sol que não me reconhece mais
Por não poder mudar de época,
reviver em outros anos,
sorrir à esperar a primavera.
Sinto tanto por não sentir diferente
Por não ser igual
Por não ser de fácil entendimento
Por ter um sofrimento constante e incontestável
Que sofre e chora comigo
e ver comigo todos esses dias acinzentados,
o sol que passa despercebido
e a vida que passa à chorar por nossos olhos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010


Dilacero,despedaço,esfarelo.
São migalhas de mim ao chão...
São pedaços de versos aflitos,
centenas deles, que se transformam
em farelos de mim
tão loucos,tão poucos,tão sujos
que partem dos meus dedos esvaindo-se,
ferindo o papel
afim de suportar a dor de estar em fio.
Dor do que não fui,
do que ficou
dor do que faltou.

Sufoco,engasgo,quase morro
entupo-me do vazio que me cabe
Peço paz,imploro abrigo...
Mas é apenas noite,
como sempre foi
e como sempre acaba.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

                                   (Da janela do Filipe)

Por que recomeçar é tão doloroso? E como o movimento de rotação e translação não está nem aí pra gente?É dia,é noite,é madugada,é verão,é primavera, é todo dia, as mesmas horas se seguem, os mesmos meses todos os anos, os anos que te envelhecem sem piedade e nada te liga, nada se preocupa contigo. Cumprem seus horários e somem para reaparecer no dia seguinte, no ano seguinte, com a mesma cara de nada...e você explode sozinho com as loucuras que sua mente cogita. Nem tente achar respostas, pois elas nunca chegarão e só te fará mal a frustração de não saber onde se vai parar ou porque você veio parar aqui. Mas eu sei porque eu vim parar aqui, pra me desfazer de toneladas de palavras, idéias, pensamentos e repressões que respiro todos os dias repetidos que vivem as minhas lembranças.
E assim, eu sei que nunca será o bastante, sempre faltará algo pra dizer ou pra sentir. Por isso escrevo, escrever me completa e me faz flutuar de vez em quando...

sábado, 16 de outubro de 2010


Meu mundo é pequeno,
não cabe muito de mim
Celebro o que me dói com o gole da ausência do que sou
Contemplo o que não tenho...
Outrora, por acaso,
como um susto,
me faço fim
Quisera a sorte estender-se aos pés dessa vida,
vida inevitável,
morte incompreendida
Falta que não me cessa
tão constante quanto abrir os olhos,
quanto chorar e amar,
quanto doer.
Recolho gestos sinceros
de quem escuta a própria alma
buscando alcançar, de longe,
a voz do sentimento que ocupa
meu pequeno mundo de criança
que se perde em fantasias,
sentindo dor de gente grande.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010


O que busco é o que calo.
O que espero é o que não ouço.
O que temo, o que não ouso.
Sinto-me presa, presa por nada,
de nada, nem de ninguém.
Há tanto que quero gritar,
mas fico muda...
Inerte...Incerta,
perdida de tudo.
Do tudo que não encontro em mim
Repetindo em versos cansados,
em frases inexpressivas, sofridas,
abandonadas...
Sigo assim,
sentida do tudo e do nada que me cercam.

sábado, 9 de outubro de 2010



Às vezes eu me invento,
como já te inventei também.
Te inventei perfeito, pra me salvar.
Porque sonhei que estava perdida
no absurdo do que penso,
do que pouco sou,
do que nada sei.
Invento-me para ser suportável,
mas nem sempre funciona,
nem sempre você me aparece herói...!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010



Eu sou a poesia que quero pensar
num leve lembrar do que fui...
Sou o que quero ser e nada grito.
As minhas lágrimas são sentidas como quem necessita sentir,
e o meu coração está leve como o voar de uma borboleta.
E tudo que preciso, talvez, é o que menos mereço.
A simplicidade do teu sorriso e o aconchedo do teu abraço.
Só assim, me sentirei liberta das armadilhas do mundo
e do que um dia me fez tropeçar...

E tudo é tão simples,
tão quieto,
tão puro em mim.

Não pesa em meu peito
este silêncio,
esta calma,
essa solidão.
Apenas se funde com a alegria de respirar
o mesmo ar que o teu...
E as minhas lágrimas
são a voz de um coração
que transborda de sentimentos numa intensidade que me assusta.

terça-feira, 5 de outubro de 2010



Tem gente que só pensa em si próprio.
Eu já pensei, claro, mas não foi todo dia, não é toda hora. 
Só quando me sinto insegura. 
Aí, fico quieta, pensando só o que é ruim
e juro pra mim mesma que não vou mais pensar nos outros, 
só no que for melhor pra mim.
Logo, isso não me satisfaz
e fica um vazio do tamanho do mundo no peito, 
vem também uma falta de ar, 
o acelerar do coração e por aí vai...
Coração torto,tolo,burro,idiota...
Tem gente que nem sabe o que é sensibilidade à flor da pele,
dessas, que eu sinto de vez em quando. 
Talvez seja por isso que eu viva doente,
mas hoje to doente mais de saudade, 
de desejo de realização, 
de falta de ar puro e do cheiro da noite de lua cheia. 
Às vezes nem sei o que me faz ser vazio, 
o que me faz querer não sentir nada...
É quando resta só o eco da noite,
sem lua e sem brisa, 
que fico assim, com esse gosto de nada na garganta,
que nunca passa...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Duas décadas e cinco anos...




O que vejo refletido é um pálido rosto de traços de infância...
Um despertar, talvez, pouco amadurecido
que se esmaece num impulso de um segundo.
E num olhar de pouco acaso escondem-se respostas
que não se podem buscar.
E o que foi vivido foi tão pouco e tão muito pra mim...
Mas assim me vejo, às vezes doce, às vezes incerta.
O que se apaga em mim é o gosto na boca de outras bocas...
Muito aprendi como capricho, pouco, o que é necessário.
No reflexo desse espelho, tantos olhares irregulares e de criança louca,
e tanto de mim que não posso tocar...
Dentro desses anos que apenas me revelam que ainda muito há de se pensar.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

 
Aurora, queria ver a aurora.
Não. Não só ver. Queria ser! A aurora de amanhã.
Pura e nova como só ela consegue ser.
Cheia de luz e de cheiro do que nasce pra luz.
Mas quando eu sentí-la a contrastar com o que penso
já não verei a pureza que espero...
Lamentável ilusão! Comparar tal pensamento à infinita grandeza
de uma doce alvorada, que aos poucos esvai-se como tudo que calo,
que recolho, que não invento.
Tenho um corpo claro guardando uma alma
sobrenatural, que veio buscar aqui o que ainda
não se sabe, algo enigmático tal como ela é.

Desperta-te, criança, que o dia é breve
e o pulsar da noite logo se apodera de nós
e do resto do mundo...