quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Engolindo Palavras

Tenho aqui dentro de mim, 
restos do que fui
Restos que brigam entre si 
numa eterna guerra perdida
Tenho o escuro e o nada 
que me permitem exagerar 
no aterro das palavras que não digo
Engulo linhas e como versos com vergonha deles
Eles ficam em mim
como uma marca, uma cicatriz...
Sou sensível e burra sim... 
porque eu sempre fui quebrando-me aos poucos 
e já não sei o que ainda é inteiro.

Estou engolindo as palavras, 
alimentando-me de letras engasgadas na alma
Estou por dentro cacos, 
amontoando-se por dentro e por fora de mim
como um choro inconsolável 
ou uma chuva fria que não passa...

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Caos da Solidão



Ando parada no tempo do meu relógio quebrado
Encostada de desejos impossíveis e sentimentos vãos
Em pausa do mundo e de mim por tantos segundos
Perambulo como estranho em terra desconhecida

Estagno aqui,  sem medo, sem pressa, sem compaixão
Não sou guiada, pois estou morta neste corpo-prisão

Que anda em vazios absolutos de um caos infinito
Que não sabe onde apontar o caminho não dito

Se grito, não sou ouvida, se caio, já não sinto...

Sou abismo de um passado incerto que não se viu
Fui abrigo de nada e de tudo que tive e que me fugiu...!



terça-feira, 7 de outubro de 2014

Radiohead - High & Dry



Passeando pela dimensão da bagunça dos meus pensamentos, deparo-me com essa música alucinógena do Radiohead. Para um fim de noite perfeito...!


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cicatrizes


Como curar as cicatrizes? Cicatrizes não se curam, moça. Eis o que levamos até a morte, para lembrar o que fomos, o que fizemos e o que aprendemos. Não dói mais, não sinto o peso de ser o que fui e o que sou agora.  A ansiedade estacionou, mas ainda é um cão negro que está sempre prestando atenção em mim. A tristeza deu a volta por cima, pelo menos não ronda mais a minha quadra. Isso é bom sinal. Os pesadelos continuam e me fazem perder quase o dia inteiro com eles se reproduzindo em minha mente, como um disco arranhado, sem ter como parar. O meu rir voltou a fazer parte da minha rotina seca, mas ainda estou estranha e ainda sou eu que sinto o tudo que o caos do nada me trouxe. Ainda sou a mesma, palavra por palavra que escrevo ainda é tudo que faz de mim construção do meu eu de definição não exata, não acabado. Um eterno complexo de mim.  

Tenho um peso na alma e um respirar quase leve e muitas cicatrizes, que levarei comigo até o fim, onde estarei pronta para expor cada uma delas e emoldurá-las como uma obra de arte valiosa que todos admiram.

Escrevo porque mereço, e por não saber o que fazer comigo quando preciso tanto dizer...!