Tenho aqui dentro de mim,
restos do que fui
Restos que brigam entre si
numa eterna guerra perdida
Tenho o escuro e o nada
que me permitem exagerar
no aterro das palavras que não digo
Engulo linhas e como versos com vergonha deles
Eles ficam em mim
como uma marca, uma cicatriz...
Sou sensível e burra sim...
porque eu sempre fui quebrando-me aos poucos
e já não sei o que ainda é inteiro.
Estou engolindo as palavras,
alimentando-me de letras engasgadas na alma
Estou por dentro cacos,
amontoando-se por dentro e por fora de mim
como um choro inconsolável
ou uma chuva fria que não passa...